HISTÓRIA DAS INDUSTRIAS REUNIDAS FRANCISCO MATARAZZO NA CIDADE DE JAGUARIAÍVA COMO PROPOSTA PEDAGÓGICA.
UNIVERSIDADE ESTADUAL
DE PONTA GROSSA
SETOR DE CIÊNCIAS
HUMANAS, LETRAS E ARTES.
DEPARTAMENTO DE EM
HISTÓRIA
CURSO DE LICENCIATURA
EM HISTÓRIA – MODALIDADE A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO III e IV.
HISTÓRIA DAS
INDÚSTRIAS REUNIDAS FRANCISCO MATARAZZO NA CIDADE DE JAGUARIAÍVA COMO PROPOSTA
PÉDAGÓGICA.
UEPG – POLO DE JAGUARIAÍVA
2018
ACADÊMICO:
DINARTE DA COSTA PASSOS
RA
152342389
HISTÓRIA DAS
INDÚSTRIAS REUNIDAS FRANCISCO MATARAZZO NA CIDADE DE JAGUARIAÍVA COMO PROPOSTA
PÉDAGÓGICA.
Projeto de Pesquisa
Sobre a História das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, na Cidade de
Jaguariaíva apresentada como Atividade Complementar da Disciplina: Estágio
Curricular Supervisionado III e IV.
Professores Formadores:
Joseli Daher Vieira e Rosana Nadal de Arruda Moura.
Tutor On Line: Sabrina
Silva de Souza.
|
UEPG – POLO DE
JAGUARIAÍVA
2018
1. INTRODUÇÃO
Esta pesquisa procura
investigar o processo de industrialização ocorrido na cidade de Jaguariaíva, no
início do Século XX tendo como antecedentes econômico e industrial, a Revolução
Industrial ocorrida na Inglaterra no Século XVIII e posteriormente a
industrialização no Brasil verificado no Século XIX. Busca identificar as
causas e consequências que levaram a descentralização das Indústrias Francisco
Matarazzo da capital paulista para o interior do Brasil, principalmente sua
instalação de 1918 a 1922 e a duração do processo industrial até ao ano de 1966,
na Cidade de Jaguariaíva. Conhecendo a realidade social daquele momento
histórico em que reinava na maior cidade da América Latina, greves intensas de
1917, os sindicatos anarquistas tomando conta dos ideais proletários da capital
paulista e por outro lado à cidade de Jaguariaíva contava com um bom potencial
hídrico para geração de energia elétrica e, ainda era servida por uma boa malha
ferroviária com a Estrada de Ferro que ligava a capital paulista até Santa
Maria no Rio Grande do Sul.
Neste sentido procura
investigar as causas e origens da industrialização verificada na cidade de
Jaguariaíva tendo como antecedente histórico os movimentos grevistas de 1917, a
industrialização no Brasil após a I Guerra Mundial e as estradas de ferros que
substituíam os antigos caminhos de tropas para transportar cargas diversas além
de transporte de passageiros entre o Uruguai e o Rio de Janeiro. A Pesquisa
debruça sobre a Construção do Complexo Matarazzo e de como este Templo de
adoração ao capitalismo impactou a vida dos trabalhadores braçais da cidade de
Jaguariaíva. A construção do edifício a retirada de pedras de arenitos na Serra
das Furnas, um trabalho semiescravo que era executado por inúmeros
trabalhadores braçais que na época eram chamados de arigós.
A Pesquisa Histórica apresentada visa
chamar a atenção dos alunos do segundo ano do Ensino Médio para compreender o
processo histórico de industrialização de Jaguariaíva e de como este processo
histórico se desenvolveu em torno de uma figura ilustre na chamada história dos
heróis onde os trabalhadores anônimos que carregaram todas as pedras para
construção e para a manutenção do processo industrial foram esquecidos e
desapareceram no anonimato. Conforme colocava Jules Michelet é preciso dar vida
a estes anônimos que construíram a história do mundo e, logicamente aqui em
Jaguariaíva, não foi diferente com nossos trabalhadores braçais e mantenedores
de matéria prima que sustentou o processo de industrialização desde 1918 até
1966.
Dessa forma o Projeto de Pesquisa sobre “História das
Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo na Cidade de Jaguariaíva como Proposta
Pedagógica” tem por finalidade
explorar a história local dentro de uma nova visão de historiografia, sem
cultuar a imagem do herói, e de forma alinhada com a história regional do
Paraná e, ao mesmo tempo, alinhada com a história nacional da industrialização
no Brasil.
2. PROBLEMÁTICA
A problemática da pesquisa
gira em torno do questionamento sobre como uma cidade pacata como Jaguariaíva
de pouco mais de dez mil habitantes na época veio sediar um dos maiores
complexo de industrialização do Paraná? Dessa forma é preciso aguçar a
imaginação dos alunados do Ensino Médio para que ao questionar sobre a forma em
que se consolidou a construção do Complexo Matarazzo eles vão mais além deste
questionamento para indagar sobre a forma de trabalho durante o processo
industrial e de como a matéria prima do Frigorífico Matarazzo era adquirida no
em torno da Indústria? Quem eram os produtores de suínos e os consumidores dos
produtos industrializados em Jaguariaíva? Existe uma gama de indagações que
podem levar o aluno a Reflexão sobre o processo de industrialização na Cidade
de Jaguariaíva desde a Construção do Complexo Matarazzo entre os anos que vão
de 1918 a 1922 e durante o processo industrial que durou até 1966.
Nesta
fase de Construção do Complexo Matarazzo para fugir da história tradicional que
louva a figura do fundador se pode trabalhar com a forma de mão de obra
utilizada na extração de pedras na Serra das Furnas e de como os trabalhadores
eram submetidos ao trabalho semiescravo. Questionando sempre qual foi o motivo
em que levou o grande industrial da América Latina deixar de investir nas
grandes cidades paulista para se instalar no interior do Paraná?
Na fase do processo
industrial que durou de 1922 a 1966 pode explorar a manutenção de matéria prima
adquirida no entorno da indústria: grandes safras de milho plantadas para
alimentar os suínos que depois eram enviados para o abate no Frigorífico
Matarazzo; a forma como o trabalho era desenvolvido dentro da indústria: setor
de caldeiras e pelagens dos animais contrastando com trabalhos degradantes e
insalubres no interior da fábrica; e por que estes trabalhadores aceitavam esta
condição e não faziam greves como os seus colegas de São Paulo?
3.
JUSTIFICATIVA
O
tema pesquisado decorre da necessidade de se ampliar o estudo da História local
sobre o processo de industrialização ocorrido no início do Século XX, na cidade
de Jaguariaíva. Atualmente encontra-se um grande Complexo Industrial
desativado, mas este mesmo Complexo Industrial esteve ativo na vida do
município durante um longo período que remonta de 1918 a 1966, sendo quase 50
anos de envolvimento na vida econômica e industrial de Jaguariaíva. A
importância de levar esta temática para a sala de aula prende-se ao fato de
muitos jovens, nascido após este período glorioso da industrialização da cidade
não ter conhecimento sobre o que este símbolo representa para a cidade de
Jaguariaíva.
Quando
o jovem ou pessoas que vieram habitar a cidade após a desativação deste
Complexo Industrial se deparam com o grande monumento erguido no início do
Século XX, não faz uma ideia do que realmente ele representou para o progresso
da cidade. Dessa forma torna necessário o trabalho do historiador para reavivar
a memória na mente das futuras gerações de jaguariaivense o que realmente
representou este símbolo industrial que atualmente se encontra desativado para
o processo industrial para o qual foi erigido.
A
sala de aula deve ser o encontro da Teoria com a Prática, por este motivo a
pesquisa propõe trabalhar os conceitos históricos locais dentro e fora da sala
de aula promovendo e incentivando os alunados para pesquisar sobre o processo
de industrialização de Jaguariaíva. O projeto que se propõe não se limita,
apenas, uma ou duas aulas, mas para que isso se torne uma prática de aulas de
campos realizadas com visitas constantes a esse símbolo industrial de
Jaguariaíva. Acredita que o Projeto de Pesquisa não só atende aos interesses
históricos da cidade de Jaguariaíva, mas todo o conjunto que compõem a história
regional e nacional trabalhando alinhado com a espinha dorsal da Ciência
Histórica e de seus pesquisadores bem como de outras disciplinas que poderão
ser trabalhadas de forma interdisciplinares.
4. OBJETIVOS:
4.1 Geral
·
Construir práticas
de pesquisa-ação e investigação dos alunos sobre o processo de industrialização
na cidade de Jaguariaíva verificada no início do Século XX com a construção do
Complexo Matarazzo e a duração do processo industrial com modernas indústrias no
início do Século XXI.
4.2 Específicos
·
Identificar as causas e os motivos que
levaram a instalação do Frigorífico das Indústrias Reunidas Francisco
Matarazzo, na cidade de Jaguariaíva.
·
Verificar a forma de trabalho e as condições
degradante e insalubre no interior da indústria e de como se processou a
produção de matéria prima vinda do entorno do Complexo Matarazzo.
·
Comparar a forma trabalho realizado antes da
Era Vargas, durante a vigência da CLT e atualmente com o discurso da
flexibilização dos direitos trabalhistas nesta nova fase de industrialização.
5.
HIPÓTESE
Hipoteticamente a pesquisa visa
responder as perguntas elencadas na problemática levando em consideração o
momento histórico em que passava o Brasil durante a I Guerra Mundial. A
situação das empresas nacionais e multinacionais instalada no Brasil, a
Revolução de Outubro de 1917 na Rússia e a influência do pensamento socialista
bem como do pensamento anarquistas nos sindicatos brasileiros. Todo este
conjunto de fatores sociais somada ao potencial hídrico e as boas malhas
ferroviárias que ligavam a cidade de Jaguariaíva com Curitiba e São Paulo deve
ter contribuído para a instalação do Complexo Matarazzo.
Não se pode olvidar que fatores
sociais como greves e quebra-quebra no interior de fábricas paulistas tenham
motivado os empresários a descentralizar suas indústrias para o interior do
País onde estes estimavam que a população fosse mais “ordeira”. Coloca-se entre aspas por entender que este
fosse o pensamento dos empresários da época (comentário nosso). Por outro
lado as boas condições hídricas de Jaguariaíva poderiam oferecer condições para
geração de energia elétrica mais barata e localizada muito próximo da
instalação do Complexo Industrial a ser erigido. Sem falar na mão de obra
barata encontrada em abundância pelos Campos Gerais onde o trabalhador só
encontrava trabalho como peão de fazenda, arrendatário ou meeiro de pequenas
safras. As propriedades rurais: fazendas e sítios produziam a matéria prima
necessária (criação de suínos) para a manutenção do Frigorífico Matarazzo
gerando empregos no interior e exterior do Complexo Matarazzo.
Ainda existia outro fator importante
para a escoação tanto da matéria prima quanto dos produtos industrializados;
Jaguariaíva contava com uma boa malha ferroviária que ligava a São Paulo e
Curitiba bem como para o norte do Paraná e este conjunto de fatores citados
hipoteticamente pode ter sido a causa e o motivo da instalação do Frigorífico
das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo na cidade de Jaguariaíva.
6.
DESCRIÇÃO
DAS FONTES E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A Pesquisa utiliza fontes materiais
como: documentos existentes no acervo municipal, fotos de diversas épocas
dentro da temporalidade estudada; filmagem externa e interna do Complexo
Matarazzo bem como questionários para entrevista de pessoas que trabalharam no
Frigorífico. Será utilizado Relatório de Observação do entorno e do interior do
edifício produzido pelo próprio autor da Pesquisa e outros documentos
históricos que guardam registros dos eventos realizados durante o processo de
industrialização.
A pesquisa não se limitará as
investigações bibliográficas e de fontes materiais coletadas, apenas, em
acervos bibliotecários, mas será efetuado trabalho de campo onde serão
produzidas entrevistas através de filmagens de imagem e voz de pessoas,
priorizando a História Oral, dos que trabalharam no Complexo Matarazzo no tempo
das atividades industriais, dessa forma, atende os pressupostos sugeridos por
Thompson (1992) em sua obra “a voz do passado”.
Neste mesmo sentido a Pesquisa atende o chamamento do filósofo e
historiador Jules Michelet para dar voz aos anônimos que a História Oficial
relegou em segundo plano como desconhecidos tornando necessário que o trabalho
do historiador venha resgatar a memória dando vida aos mortos que tombaram na
construção do conhecimento histórico.
Por último será consultado a
bibliografia existente a respeito do Tema estudado: livros, jornais e revistas
da época que dão ênfase ao desenvolvimento do processo industrial na cidade de
Jaguariaíva. Para esta etapa será realizado consulta nas bibliotecas do
município onde serão elencadas obras de autores que versam sobre esta temática
construindo, dessa forma, um confronto entre o que dizem os estudiosos desta
temática com as fontes materiais existentes nos acervos municipais bem como
será confrontado com as entrevistas por questionários ou por gravação de voz e
de imagens com pessoas idosas que vivenciaram o período do processo de
industrialização liderado pelas Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, na cidade
de Jaguariaíva.
Ainda a pesquisa pretende investigar
a estrutura do prédio, o estilo das paredes internas e externas, seus
compartimentos e divisões bem como a pavimentação do pátio que divide os blocos
com pedras de arenitos retiradas na Serra das Furnas. Investiga a forma de
trabalho braçal e animal da época bem como o impacto ambiental causado pelo
sistema de industrialização com o povoamento desordenado de áreas urbanas
motivadas pelo crescimento da população. O sistema de abastecimento de energia
elétrica nos geradores onde a energia era própria sendo produzida por Usinas
hidroelétricas construídas nos rios Jaguariaíva e Capivari. Torna-se objeto de
pesquisa e estudo todas as construções que compõem o Complexo Matarazzo desde o
sistema elétrico até ao sistema hidráulico que era alimentado por gravidade com
pontos de saída para atender possíveis incêndios a que viesse acometer as
construções e maquinarias.
7.
REFERENCIAL
TEÓRICO / REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A pesquisa pressupõe
o estudo da bibliografia coletada e efetuado o fichamento dos textos de forma
planejada para se produzir um bom referencial teórico que venha embasar o
trabalho de Pesquisa-ação histórica. Portanto se fará um levantamento bibliográfico
sobre o tema proposto e, após várias leituras será efetuado o fichamento em
forma de um relatório ordenados com os recortes das citações já o número de páginas
e com a titulação da obra de cada autor a ser citado no trabalho de
investigação de história local.
Na produção de conhecimento histórico conforme leciona
Behrens (2000, p. 59-60) o professor deverá envolver os alunos no trabalho de
pesquisa-ação tornando este um sujeito cognoscente que valoriza a reflexão, a
ação e a curiosidade dentro de um espírito crítico motivado pelo
questionamento. Dessa forma pretende atrair o aluno para as aulas de campos
realizadas entorno do Complexo Matarazzo e de seu acervo a fim de despertar
neles o espírito de investigação e construção do conhecimento histórico.
Neste mesmo diapasão Carvalho (1987, p. 41) leciona que a
sociedade do conhecimento está caracterizada por ser uma grande produtora e
também usuária de informações onde as ciências se desenvolvem com uma
velocidade intensa que extrapola a concepção dos enciclopedistas. Faz se uma
comparação entre a sociedade industrial centralizada na produção de bens
materiais com a sociedade do conhecimento, na qual a produção intelectual e o
uso das tecnologias ganham destaques em ambas as sociedades. Dessa forma a
tecnologia empregada nos dois sistemas é a mesma e tanto na sociedade
industrial como na sociedade do conhecimento é a técnica e a velocidade que
induz o processo de desenvolvimento.
No que tange a História das Indústrias Reunidas Francisco
Matarazzo, na cidade de Jaguariaíva e quanto à escolha desta cidade para sediar
o Complexo Matarazzo Brandão (2000) coloca que:
Desde
1913 (...) o grupo Matarazzo estabelecera uma filial em Curitiba. Fora criada
no Paraná, a subsidiária S.A. Indústria Matarazzo do Paraná, com a compra de
vários trapiches e armazéns no Porto de Antonina. Voltado a receber e estocar
trigo vindo da Argentina (...) o Frigorífico de Jaguariaíva situado no limite
do entroncamento do ramal ferroviário, numa região de produção de suínos.
(...)
passava por Jaguariaíva de trem, em 1918, no caminho entre Sorocaba e o Sul do
País, quando teria avistado, da janela, o Rio Capivari e a importante queda
d’água, o “cachoeirão”. Teria mandado parar o trem para ver melhor e encontrou
e encontrou, ali, uma criação de porcos. Associando a queda d’água como fonte
de energia elétrica e a criação de porcos como matéria-prima, à proximidade com
São Paulo e à existência de estrada de ferro, teria decidido construir ali um
grande Frigorífico (BRANDÃO, 2000).
Para esta autora o fator que promoveu a ideia de
instalação do Frigorífico do Complexo Matarazzo em Jaguariaíva foi à capacidade
de grande produção de matéria-prima na região e por esta cidade estar
localizada no centro do entroncamento ferroviário entre as cidades de
Curitiba/São Paulo e o norte do Paraná. Entendemos ser este um dos fatores que
levou a decisão do empresário Francisco Matarazzo investir na cidade de
Jaguariaíva, mas por outro lado percebemos que existia uma série de causas que
colocava o empresário em choque com os trabalhadores da capital paulista, como
as grandes greves de 1917 e o assassinato do sapateiro anarquista José Martinez
– o espanhol. As lutas sindicais pela reivindicação de melhores salários e
condições de vida no interior fabril pode ser a causa principal da ideia de
descentralização das Indústrias Matarazzo para o interior do País e, dessa
forma, Jaguariaíva foi contemplada com a Construção do Complexo Matarazzo.
Talvez não fosse uma benesse para o povo da cidade, a instalação do
Frigorífico, mas uma forma do empresário auferir maiores lucros com mão de obra
barata e uma massa de trabalhadores sem a devida consciência de seus direitos.
Para o empresário era a certeza de que não haveria greve e revolta dos
trabalhadores jaguariaivense, como de fato, não é encontrado registro de greves
durante os quarenta e oito anos de duração do processo industrial do
Frigorífico Matarazzo de Jaguariaíva.
Para o professor
Ludwig (2006, p. 102-105) apud Frizanco (2003a, p. 06-08), o progresso de
Jaguariaíva foi impulsionado pelo Frigorífico das Indústrias Reunidas Francisco
Matarazzo.
(...)
Estabeleceu-se ali uma grande indústria de derivados de carnes, a Indústrias
Reunidas Francisco Matarazzo, cujo proprietário era o imigrante italiano Conde
Francesco Matarazzo. O Conde conheceu a família Frisanco e quando passava pela
cidade tratando de seus negócios, sempre que podia, fazia uma visita na Chácara
Passo Velho para conversar e tomar um bom vinho com o seu amigo Carlos
Frisanco.
(...)
A indústria prosperou na região com o negócio de Frigorífico. Havia o abate de
porcos e produziam-se derivados da carne suína, tais como: presuntos, banha,
carnes defumadas e outros (FRIZANCO, 2003a).
Percebe-se que a História de Jaguariaíva
sempre foi contada de forma tradicional onde se eleva a imagem do herói, o
fundador do Complexo Matarazzo, e seus compadrescos. Tudo dentro de um círculo
de amizade que vem enaltecer a imagem das pessoas ilustres da classe dominante.
É neste contexto que pretendemos construir uma nova história de Jaguariaíva
buscando investigar documentos e pessoas anônimas do povo que fizeram o
progresso dando vida aos mortos e desconhecidos como tanto pretendeu Jules
Michelet.
Dessa forma, o Projeto de Pesquisa pretende utilizar a
voz do passado conforme leciona Paul Thompson (1992) para que a História Oral
venha produzir conhecimento juntamente com os documentos escritos sobre este
tema. Debruçar sobre as narrativas e relatos orais e documentais para apontar
as verdadeiras causas e motivos que levaram a instalação do Complexo Matarazzo,
na cidade de Jaguariaíva, mas com uma nova história vista por outro ângulo que
não seja a história positivista que venha homenagear somente figuras ilustres
em prejuízo dos verdadeiros construtores do progresso – os trabalhadores.
No que tange ao processo de industrialização na cidade de
Jaguariaíva e a escolha da cidade para a implantação do Complexo Matarazzo,
percebe-se que as agitações de junho e julho de 1917 pode ter motivado o
empresário italiano a investir no interior do País. Conforme relata Hino (2016)
citando Biondi (2016), nos meses que se seguiram ao outono de 1917 foram tempos
de grandes agitações provocadas pelas lutas sindicais lideradas pelos anarquistas
e socialistas, a capital paulista foi sacudida pelas massas de trabalhadores em
greves e manifestações.
Os
9.500 estavam todos concentrados ainda na Mooca, em seis grandes
estabelecimentos fabris – Crespi, Antarctica, Fábrica Mariangela de Matarazzo,
Estampería Matarazzo, Tecidos de Juta, Lanifício De Camillis –, e espalhados em
24 pequenas oficinas. Para coordenar o movimento, no dia 9 de julho foi criado
o Comitê de Defesa Proletária, com representantes de grupos anarquistas e
socialistas e lideranças sindicais, entre os quais os libertários Edgard
Leuenroth, Luigi Damiani, Antonia Soares e Candeias Duarte e os socialistas
Teodoro Monicelli e Giuseppe Sgai.
(...)
A pressão sobre os operários das indústrias Matarazzo por causa da guerra
tornava-se evidente também de outras formas, que, como no caso das subscrições
dentro do estabelecimento, mostravam como agia o poder interno dos
contramestres ou de alguns gerentes (BIONDI, 2016).
Dessa
forma, o Projeto de Pesquisa sobre a “História das Indústrias Reunidas
Francisco Matarazzo na Cidade de Jaguariaíva como Proposta Pedagógica”, visa
construir uma nova forma de fazer história local tendo o foco na história dos
trabalhadores e não das figuras ilustres e, ao mesmo tempo, se alinhar com a
história regional e nacional. Entende-se que a História local não pode ser um
objeto separado da História regional e nacional, mas um fragmento do todo que a
História em geram tanto nacional quanto internacional e é nesse sentido que se
pretende construir a História local de Jaguariaíva.
8.
CRONOGRAMA
DE EXECUÇÃO
Dessa
forma o Projeto de Pesquisa sobre a “história das indústrias reunidas Francisco
Matarazzo na cidade de Jaguariaíva como proposta pedagógica” propõem que os
alunos dê início a pesquisa-ação a partir de 01 de Junho de 2018 conforme o
cronograma estabelecido para que até 23 de outubro de 2018 sejam apresentados
os questionários para avaliação e discussão conforme o Plano de Aula
previamente estabelecido. Para a realização desta etapa de pesquisa-ação será
efetuado questionários próprios com a formatação de perguntas e/ou entrevistas
com pessoas idosas que vivenciaram a temporalidade em que o processo industrial
se desenvolvia a todo o vapor. Para essa atividade de entrevista oral
trabalharemos conforme as Lições de Thompson (1992) em sua obra “a voz do
passado”.
Atividades/2018
|
Junho
|
Julho
|
Agosto
|
Setembro
|
Outubro
|
Levantamento de dados
|
01
a 30
|
|
|
|
|
Leitura e Fichamento
|
|
01
a 31
|
|
|
|
Redação do TCC
|
|
|
01
a 31
|
|
|
Acertos finais
|
|
|
|
01
a 30
|
|
Revisão/ Entrega
|
|
|
|
|
01
a 23
|
Defesa/Aplicação
|
|
|
|
|
23/10/18
|
9. REFERÊNCIAS
AXT,
José. Jaguariaíva Nossa Terra, Nossa
Gente. Jaguariaíva, 1999.
BEHERENS, Marilda Aparecida, "Projetos de aprendizagem colaborativa
num paradigma emergente", em MORAN, José Manuel. Novas tecnologias e
mediação pedagógica, Campinas: Papirus, 2000.
BRANDÃO,
Ângela. Memórias: Frigorífico das Indústrias
Reunidas Francisco Matarazzo em Jaguariaíva. Curitiba: PNUD. 2000
CARVALHO,
Ana Maria Almeida. Análise qualitativa
de episódio de interação: uma reflexão sobre procedimentos e formas de uso.
Psicologia Reflexão e Crítica. Curitiba, 1987.
LUDWIG,
Augustinho Argemiro. História de
Jaguariaíva. Vol I. Jaguariaíva: O. Frizanco, 2006, p. 102-105
MICHELET,
Jules. A Feiticeira. Tradução: Maria Luiza X.
de A. Borges. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992, p. 276.
THOMPSON,
Paul. A Voz do Passado: História Oral.
Tradução Zálio Lourenço de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
VIEIRA,
Joseli Daher. Estágio Curricular
Supervisionado III. Ponta Grossa: UEPG/NUTEAD, 2012.
HINO,
Alexia Sayuri. SEQUÊNCIA DIDÁTICA: A GREVE DE 1917, CONTANDO A HISTÓRIA DE SÃO
PAULO. Universidade de São Paulo, 2016.
APÊNDICE
I. Plano de Aula: Data: 23-10-/2018
|
II. Dados de Identificação:
Colégio/Escola:
Colégio Estadual Padre José de Anchieta – CPJA.
Professor
(a) estagiário (a): Dinarte da Costa Passos
Disciplina:
História
Série:
2º do Ensino Médio.
Turma:
2º C
Período:
23/10/2018
|
III. Tema:
A HISTÓRIA DAS INDÚSTRIAS REUNIDAS FRANCISCO MATARAZZO,
NA CIDADE DE JAGUARIAÍVA.
Considerando
a Revolução Industrial, na Europa e depois no Brasil observamos que São Paulo
foi palco de grandes agitações sociais no ano de 1917 e esse talvez tenha
sido um dos principais motivos que levou o empresário Italiano Francesco
Matarazzo instalar seu Complexo Industrial na cidade de Jaguariaíva. Nesta
aula abordaremos este tema com aprofundamento dos conceitos sobre como
produzir uma boa História local em consonância com a História regional e
nacional.
Ao
trabalhar em sala de aula os conceitos sobre a História local e, propriamente
do processo industrial, alavancado pelas Indústrias Reunidas Francisco
Matarazzo iremos demonstrar de que forma se processou no espaço e no tempo
atingindo o modo de vida dos trabalhadores jaguariaivense que antes viviam no
sistema cíclico com jornadas livres limitadas pelo caminho do Sol, nos sítios
e fazendas da região. E que doravante, a partir do processo industrial de
produção em massa, se viram obrigados a se adaptar ao sistema linear da
hora-trabalhada. Sendo que passaram seguir o ritmo da Revolução Industrial
com o relógio acelerando o tempo e com o apito da sirene da fábrica
anunciando que já era hora de trocar o turno ou de uma breve parada intrajornada
para a refeição.
Ainda podemos conceituar que a Revolução
Indústria consiste em um período de grandes mudanças econômicas e sociais que
foram realizadas entre os séculos XVII e XIX na Europa, sobretudo na
Inglaterra e que no Brasil chegou num processo mais tardio, mas que se
procedeu da mesma forma que na Europa. A principal mudança deste período foi
à transição dos processos dos trabalhos nos sítios e fazendas para um ritmo
acelerado que substituíram o trabalho artesanal pelo uso de máquinas, além do
trabalho que agora passava a ser assalariado a partir do momento. A
Substituição pelas máquinas teve o intuito de poupar o tempo do trabalho
feito pelos humanos, o que também gerava uma maior produção de mercadorias e
consequentemente o aumento no lucro dos empresários. Neste contexto
histórico, em Jaguariaíva não foi diferente e o processo industrial se deu no
modelo fordista/taylorista onde a divisão das tarefas e o aperfeiçoamento do
tempo de trabalho seguiam um modelo rigoroso.
|
IV. Objetivos:
a) Geral
·
Construir
práticas de pesquisa-ação e investigação dos alunos sobre o processo de
industrialização na cidade de Jaguariaíva verificada no início do Século XX
com a construção do Complexo Matarazzo e a duração do processo industrial com
modernas indústrias no início do Século XXI.
b) Específicos
·
Identificar as causas e os motivos que
levaram a instalação do Frigorífico das Indústrias Reunidas Francisco
Matarazzo, na cidade de Jaguariaíva.
·
Verificar a forma de trabalho e as
condições degradante e insalubre no interior da indústria e de como se
processou a produção de matéria prima vinda do entorno do Complexo Matarazzo.
·
Comparar a forma trabalho realizado
antes da Era Vargas, durante a vigência da CLT e atualmente com o discurso da
flexibilização dos direitos trabalhistas nesta nova fase de industrialização.
|
V. Conteúdo:
1)
Construção do Complexo Industrial Matarazzo (1918 a 1922)
2)
Causas e Consequências que levaram a implantação em Jaguariaíva.
3)
As grandes greves e manifestações de 1917 em São Paulo.
4)
O potencial hídrico e a malha ferroviária de Jaguariaíva.
5)
A produção de matéria-prima nos “Campos de Jaguariaíva” e região.
6)
O Processo Industrial e o funcionamento do Frigorífico (1918 a 1966)
|
VI. Desenvolvimento do tema: descrição da abordagem teórica e prática do tema
INTRODUÇÃO.
Em primeiro momento será efetuada a apresentação
de nossa aula geminada que terá duração 100 minutos, sendo que nesta primeira
parte aplicaremos a apresentação dos conceitos sobre a
História das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, na Cidade de
Jaguariaíva. A turma de mais ou menos
trinta alunos será dividida em grupo de quatro ou seis alunos, sendo que cada
grupo receberá os questionários de pesquisa. Para essa organização do sistema
de pesquisa-ação de história vamos dispor de 10 minutos do total da
aula. A princípio iniciaremos a aula
explicando para a turma os conceitos de História local e Indagando se eles
sabem o que foi a Construção do Complexo Matarazzo e o Processo Industrial
que se seguiram até ao ano de 1966? Vamos explicar o que este processo
significou em termos de mudanças sociais, comportamentais, econômicas e culturais
para o povo de Jaguariaíva. Vamos convidar os alunos para refletir sobre cada
uma dessas fases a partir das inovações técnicas e científicas e como elas
afetam as condições de vida e trabalho das pessoas modificando costumes e
tradições relacionados ao tempo do tropeirismo para a transição em tempo
industrial.
DESENVOLVIMENTO.
Em segundo
momento vamos desenvolver as atividades de conhecimento histórico através de
questionários de pesquisa com as perguntas elaboradas em conjunto entre
professor/alunos. Nesta fase vamos aplicar os conceitos históricos relativos
ao “Tema” apresentado descrevendo os principais aspectos do Processo
Industrial de Jaguariaíva cujos questionários já estão com as perguntas previamente
elaboradas para ser aplicada por cada grupo formado por quatro ou seis alunos
que desenvolverão o conhecimento histórico através de pesquisa-ação em fotos,
vídeos, documentos escritos, etc. Cada equipe ou grupo deverá representar o
aspecto que terá de abordar, preferencialmente em uma discussão interativa
para depois confirmarem a aplicação dos questionários previamente elaborados.
Nesta proposta de atividade vamos considerar a
necessidade de interação entre os vários grupos que compõem a classe de
alunos. Nesta etapa trabalharemos os conceitos históricos que embasa o tema e
os conteúdos elencados no item V deste Plano de Aula. Faremos uma reflexão sobre as implicações do advento das inovações
técnicas para a sociedade, explicando que no ano de 1918 começa a construção
do Complexo Matarazzo em Jaguariaíva e o Processo Industrial se prolonga até
ao ano de 1966. O tempo de
duração previsto para o desenvolvimento dos conceitos e do Jogo desta segunda
fase é de 80 minutos.
SÍNTESE
INTEGRADORA.
Em terceiro e último momento faremos a síntese
integradora das atividades apresentadas com fechamentos e conclusão dos
conceitos apresentados e com a finalização do Jogo de Tabuleiro. Ainda vamos verificar se nas discussões em sala de aula, nas perguntas e
respostas dadas e se na elaboração do quadro comparativo os alunos foram
capazes de compreender a importância de se estudar e investigar sobre a
História local, principalmente sobre o Processo de Industrialização da cidade
de Jaguariaíva e como esse processo afetou a vida do pacato cidadão
jaguariaivense. Mudando seus costumes e tradições baseada na vida tropeira de
se levantar pela madrugada trabalhar até às onze horas e fazer um intervalo
de descanso durante a calma do dia (das 12 às 15 horas). Da mesma forma que
aconteceu mudanças drásticas na vida do trabalhador europeu durante a
Revolução Industrial, aqui em Jaguariaíva os trabalhadores sofrem as mesmas
consequências em virtude de mudanças no trabalho diurno e noturno para os
quais não estavam acostumados a se submeterem.
Nesta conclusão faremos um ponto de reflexão e contextualização
dos conceitos estudados comparando o início do Século XX com a atualidade e
tirando conclusão sobre a comparação com o cotidiano vivido por cada aluno.
Para esta terceira e última etapa vamos disponibilizar o tempo de 10 minutos para conclusão de nossa
síntese integradora.
|
VII. Recursos didáticos: (quadro,
giz, projetor de multimídia, etc.) e fontes histórico-escolares (filme,
música, quadrinhos, etc.). Além dos meios já elencados vamos utilizar outros
recursos e meios didáticos utilizados bem como o Livro Didático utilizado
pela professora-supervisora. O jogo de Cartas de Tabuleiros, carteiras,
canetas, lápis e papel sulfite tamanha a4.
|
VIII. Avaliação:
A
avaliação será aplicada de forma somativa computando dos pontos que os
diversos grupos alcançaram no Jogo de Tabuleiro, o qual será lançado em um
questionário para verificar o nível de fixação do conhecimento.
|
IX. Referências:
FERREIRA,
Ângela Ribeiro. Oficina História VI.
Ponta Grossa – PR: UEPG/NUTEAD, 2011.
BRANDÃO,
Ângela. Memórias: Frigorífico das
Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo em Jaguariaíva. Curitiba: PNUD.
2000
LUDWIG,
Augustinho Argemiro. História de
Jaguariaíva. Vol I. Jaguariaíva: O. Frizanco, 2006, p. 102-105
|